Mulheres e seu Espaço na Política, com Ana Fontes, Olívia Santana e Tauá Lourenço

“Esse sistema político é patriarcal, muito viril e violento. Então, nós mulheres inseridas neste espaço estamos promovendo uma contracultura, estamos mudando as regras do jogo”, reflete Olívia Santana

O videocast “Substantivo Feminino“, mediado por Ana Fontes, alcançou seu quarto episódio e, dentre os temas femininos que têm abordado, traz uma discussão impactante sobre “Mulheres e seu Espaço na Política”, com Tauá Lourenço, historiadora e especialista em gestão de políticas públicas em gênero e raça, direitos humanos, responsabilidade social e cidadania global, diretora do Instituto Alziras; e Olívia Santana, a primeira deputada estadual negra da Bahia, que foi secretária de educação de Salvador e vereadora da capital por 10 anos, professora, também autora do livro “Mulher Preta na Política”.

Durante o programa, Ana Fontes afirma que precisamos ter mais mulheres na política: “Afinal de contas, somos 52% da população deste país; não podemos estar sub-representadas nesses ambientes de poder”. Já Olívia Santana, deputada estadual, relata suas experiências na política e os obstáculos das candidaturas. “Eu sofri muito durante aquela candidatura (referindo-se à disputa como prefeita de Salvador). Foi algo muito pesado. Ser candidata nessas circunstâncias, sendo pressionada por um vírus e por muitos homens que torciam contra. Depois da campanha, um deles disse: ‘Apostamos que você não chegaria até o final, que desistiria e apoiaria nossa candidatura. Você é raçuda, hein?’. Eu já estava exausta, ansiosa para terminar a campanha, não aguentava mais, mas fui até o final. Era necessário ir até o final”.

Tauá Lourenço fala sobre o presente e o futuro dessas mulheres na política e sobre as conquistas recentes, sob uma perspectiva histórica. “É perceptível que, apesar dos desafios que ainda enfrentamos – em termos de percentual e representatividade, ainda estamos longe de ter um parlamento e câmaras municipais com uma presença adequada de mulheres, mulheres negras, travestis e trans – tivemos votações expressivas nessas últimas eleições. Celebro esses votos, não apenas em uma, mas várias capitais, onde as mulheres negras foram as mais votadas”, comemora.

Debater sobre combate aos diversos tipos de violência contra a mulher é o objetivo do videocast “Substantivo Feminino”, uma iniciativa do YouTube Brasil em parceria com a Rede Mulher Empreendedora, Gênero Número, Internet Lab e Casé Fala, com produção do Dia Estúdio.

Neste debate sobre o espaço da mulher na política, a deputada Olívia Santana é muito clara: “Este sistema político é patriarcal, muito viril e violento. É uma fórmula, um modelo de fazer política draconiano, é um combate constante. Então, nós, mulheres inseridas neste espaço, estamos promovendo uma contracultura, estamos mudando as regras do jogo”. Tauá avalia que “estamos em um momento no país onde podemos fechar os olhos e imaginar outros rostos na política”.

O episódio “Mulheres e seu Espaço na Política” irá ao ar na próxima quinta-feira dia 14 de dezembro, às 12h, no canal do YouTube da RME Os demais episódios de “Substantivo Feminino” estão disponíveis no mesmo canal e você confere aqui.

Substantivo Feminino discute o combate ao discurso de ódio e empoderamento feminino, com Ana Fontes, Luciana Barreto e Assucena

“80% dos discursos de ódio nas redes sociais são contra mulheres negras”, traz Luciana Barreto

Ana Fontes analisa que o discurso de ódio com foco em mulheres também está atrelado à questão do racismo. Quem dá origem a essas violências acredita “que você está em um espaço que não deveria estar”. A empreendedora social é mediadora do videocast “Substantivo Feminino” e recebe, em seu terceiro episódio, Assucena, compositora e cantora; e Luciana Barreto, jornalista, apresentadora, mestre em Relações Étnico-raciais e autora do livro ”Discurso de ódio contra negros nas redes sociais”.

Luciana Barreto, especialista no assunto, começa o episódio explicando um pouco de como funciona o discurso de ódio e o hater no Brasil, em sua fala relata como iniciou os estudos no assunto e dados alarmantes como “80% dos discursos de ódio nas redes sociais são contra mulheres negras”.

“Só para você entender como funciona a lógica racial no Brasil o hater quer dizer que você não pode estar em determinado espaço, é isso o que mais incomoda. Ele foca em mulheres negras, por exemplo, se elas se colocam como ícone de beleza… ali ela sofre discurso de ódio”, explica a especialista.

Discutir as pautas que cercam o combate aos variados tipos de violência contra a mulher é o objetivo do videocast “Substantivo Feminino”, que têm iniciativa do YouTube Brasil em parceria com a Rede Mulher Empreendedora, Gênero Número, Internet Lab e Casé Fala, e com produção Dia Estúdio. O episódio “Combate ao Discurso de Ódio e empoderamento feminino” vai ao ar na terça-feira no canal do YouTube da RME, dia 12, às 12h.

Para a cantora e compositora, Assucena, a iniciativa e a educação são fundamentais, é preciso encontrar as pessoas que passam pelas mesmas dores que você e se unir a elas. “A educação tem um papel primordial porque você tem consciência política dos seus direitos e ela é muito importante até para auto-organização, porque se a gente não se auto-organiza enquanto sociedade, a gente não cobra os nossos acessos e lugares que são nossos por direito”, afirma.

Os demais episódios de “Substantivo Feminino” irão ao ar no mesmo canal, no decorrer das próximas semanas, e trabalharão temas como “Mulheres e seu espaço na Política”; contando com as participações de convidadas como Tauá Lourenço Pires, Olívia Santana e a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves.

Ana Fontes, Thelminha Assis e Nana Lima discutem a “Política do Cuidado” em videocast

Você tem que ser muito boa, você tem que ser duas vezes melhor, como mulher e como mulher preta’,relata Thelminha Assis

Ana Fontes não mede palavras quando a pauta é o trabalho feito por mulheres que não é reconhecido, valorizado e sequer remunerado. “Discutir essa pauta é um tabu para muita gente e segue gerando sobrecarga e impactos na saúde física e mental de muitas mulheres”, afirma ela no videocast “Substantivo Feminino”, no qual é mediadora, e recebe Thelminha Assis e Nana Lima para tratar da pauta “Política do Cuidado”.

Discutir as pautas que cercam o combate aos variados tipos de violência contra a mulher é o objetivo do  videocast “Substantivo Feminino”, que tem iniciativa do YouTube Brasil em parceria com a Rede Mulher Empreendedora, Gênero Número, Internet Lab e Casé Fala, e com produção Dia Estúdio. O episódio “Política do Cuidado” vai ao ar na quinta-feira, dia 7, às 12h. O primeiro episódio, em formato Manifesto, já está disponível no canal do YouTube da Rede Mulher Empreendedora

O episódio traz um diálogo que evidencia também uma necessidade de educação e políticas públicas, porque a mudança não é fácil. Thelminha Assis traz um relato de como é difícil para ela delegar tarefas. “Eu sou uma pessoa proativa até demais. Eu tenho muita dificuldade em delegar as coisas que eu acredito que eu tenho que fazer, mas aí quando você olha, você fala ‘eu poderia ter delegado sim, eu poderia ter compartilhado’. Então, isso vem desse lugar de você ser criada e a mãe falando ‘você tem que ser muito boa, você tem que ser duas vezes melhor, como mulher e como mulher preta você tem que dar conta de tudo’ e quando você vai ver, você está esgotada emocionalmente e fisicamente”, relata Thelminha.

A médica, apresentadora e influenciadora, trouxe também a “conexão” que foi a experiência de vivenciar o BBB quando questionada “como você dá conta ou quem cuida da família quando se está ausente?”. “Um exercício muito bom que eu tive oportunidade de ter na vida, mais um lugar de privilégio, é essa sensação que a gente tem ‘só eu que dou conta, tem que ser comigo, eu que tenho que resolver’, aí eu saí três meses da vida das pessoas que são minha rede de apoio, mas que eu também sirvo de apoio para essas pessoas. E aí a pergunta foi respondida, viveram perfeitamente bem. Eu tenho uma idosa, que é a minha mãe, que depende dos meus cuidados – de um olhar atento, tem o marido, os amigos, tenho família, todo mundo ficou muito bem três meses sem mim”, afirmou a médica.

Já Nana Lima apontou dados que mostram o quão impactante a economia do cuidado é na sociedade. “Saiu um dado da FGV, eles atualizaram esse dado na verdade, que informa que se a gente remunerasse as horas de mulheres e meninas por esse trabalho do cuidado, equivaleria a 8.5% do PIB. Acho que é importante a gente colocar o contorno e o tamanho dessa contribuição que as mulheres e meninas fazem. Por exemplo, como esse trabalho contabiliza na aposentadoria, como a Argentina fez. Exemplos interessantes de sair só da sensibilização da sociedade e ir para a prática”, comentou a cofundadora da Think Olga.

Os demais episódios de “Substantivo Feminino”   irão ao ar no mesmo canal, no decorrer das próximas semanas, e trabalharão temas como “Combate ao discurso de ódio e empoderamento feminino” e “Mulheres e seu espaço na Política”; contando com as participações de convidadas como Assucena, Luciana Barreto, Tauá Lourenço Pires, Olívia Santana e a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves.