O Festival RME 2023, anteriormente conhecido como Fórum RME, teve mais de seis mil pessoas inscritas em sua 12ª edição. O conceito central do evento foi pautado no tema “Reinventando o Futuro”, e contou com grandes nomes empreendedores que foram recebidos por Ana Fontes e um time de MCs e mediadoras.

 

No primeiro dia, os painéis trataram de temas que refletiam o empreendedorismo em paralelo a equidade de gênero, comunidades femininas, oportunidades de crescimento, ESG, maternidade, moda plural, combate à violência contra a mulher e diversidade e inovação. Já no segundo dia, sábado, os temas foram: finanças, economia do cuidado, etarismo, como a macroeconomia afeta os pequenos negócios, influência e criação de conteúdo, como lidar com as emoções, bate-papo sobre saúde e bem-estar, além da premiação “Seu Pitch vale um Pix”.

 

Durante o bate-papo sobre finanças pessoais, Nathalia Arcuri e Maria Rita Spina ressaltaram que a “jornada nunca acaba, são processos de estar e fazer”. Nathalia contou ainda que antes de começar o Canal Me Poupe foram três anos de nãos. “É preciso ter algo maior que você. Porque quando as dificuldades vêm, e elas vêm todo dia, se você não tem essa causa é mais difícil mesmo. Inclusive é um recado para todas, pois tenho compartilhado muito também sobre o quanto a causa fez com que eu cometesse excessos. Quando você trabalha pela causa, acaba se anulando pela causa também. Como não vou sair da minha cama hoje? Como não vou fazer mais um post? Como não vou assumir mais uma responsabilidade? E quando você percebe a única ferramenta que você tem para mudar o mundo está deteriorada. E eu achava que quando me falavam isso a pessoa não sabia pois ela não tinha a mesma causa, uma fala bem arrogante da minha parte. E um dia eu explodi”, comentou Nathalia que finalizou sua fala com a frase “Entre mudar o mundo e ganhar dinheiro eu fico com os dois.”.

 

Em seguida, Juliana Rosa, jornalista especialista em economia, também trouxe reflexões sobre como a economia afeta os pequenos e médios negócios. “Quando vamos tomar uma decisão na nossa vida, no negócio, precisamos ter informações e conferir fontes oficiais e gastar energia nas informações que são seguras, pois informação custa nossas boas escolhas”, comentou a jornalista, que também fez um panorama as expectativas para o fim do ano – Black Friday e Natal. “No primeiro trimestre tivemos um crescimento acima do esperado com base no agro pois tivemos uma safra surpreendente. Isso ajuda ainda a sustentar um pouco de outros setores da economia. Já no segundo trimestre o que sustentou a economia foi o setor de serviços. Esses movimentos acabam refletindo em uma melhora na renda dos brasileiros. A inflação diminuiu e os preços internacionais estão diminuindo. Outro fator que está ajudando a reinjetar crédito no mercado é o programa ‘Desenrola Brasil’, que chegou ao marco de 30 milhões de CPF saindo da negativação. Com isso, podemos esperar um bom fim de ano, e um dos melhores Natais dos últimos anos, ainda longe de ser o melhor, mas bem melhor que os últimos”, finalizou.

 

Outro pilar da economia foi discutido durante o Festival RME, a economia do cuidado. Tadeu França, criador de conteúdo sobre paternidade, abriu o painel falando que: “A economia formal só existe porque é subsidiada pela economia do cuidado. Você só chegou a CEO, ou foi promovido, porque alguém está cuidando de todo o resto da sua vida, que é um lugar que também é seu”, disse França. Giovana Sgréccia, da Gestar, apontou que em média uma mulher gasta 650 horas amamentando um filho e ressaltou “Esse trabalho de mulheres e meninas na economia do cuidado equivale a 11% do PIB”. Caroline Moreira, secretária de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Estado do Rio Grande do Sul e fundadora do Negras Plurais, trouxe um olhar sobre o recorte racial questionando quem é que estava cuidando das mulheres não negras (e de seus filhos) quando elas decidiram trabalhar? “Já existia alguém cuidando, amamentando, etc. Esse lugar de realização de sonhos vem de um processo de colonização e se perpetua. No lugar de escravização e o que eu acesso via ancestralidade é um acesso do servir”, comentou Caroline. Tadeu França contribuiu ainda sobre a dificuldade de se cobrar paternidade presente do homem principalmente periférico. “O sistema engole esse cara. Ele sai cedo, deixa o filho dormindo, para assar o pão que você vai comer quentinho e muitas vezes tem que complementar renda fazendo a entrega a noite do seu hamburguer. Chegando em casa o filho já está dormindo”, finalizou França.

 

Finalizando a manhã de painéis, o Festival RME debateu empreendedorismo na maturidade. Arine Rodrigues, do Vida60Mais, comentou que as pessoas com 60 anos ou mais são responsáveis financeiramente por cerca de 25% dos lares brasileiros. Mas, 60% dos maduros não se sentem representados na publicidade brasileira. “O mercado 60+ já é dito como o próximo unicórnio. E é um desafio de conexão porque o mercado é voltado para eles, mas quem compra é o filho, o 45+. Precisamos de mais empreendedores olhando o mercado da longevidade”, comentou Arine.

 

Vicky Bloch, da Vicky Bloch Associados, apresentou uma fala bem potente sobre o tema: “Empreender é um estado de espírito. A gente empreende em estágios da vida. O maior empreendimento são os filhos, por exemplo. Olha na tua história de vida quantos desafios que você enfrentou e como você saiu deles. Quando você reconhece, tem mais segurança porque pode se apoiar em competências. Muitas vezes o limitante do empreendedor é ele mesmo. E quando a gente fala de etarismo a gente precisa visitar os conceitos preestabelecidos. Quando você olha o 60 ou 70 mais hoje, a gente tende a falar com essas pessoas de forma infantil. E nós estamos falando com gente que quer empreender. A geração que vai viver até os 120 ou 130 anos já nasceu. Não se autolimitem, não achem que a gente está ficando velho, que não vai dar tempo.”, finalizou.

 

No painel sobre influência e criação de conteúdo: o poder da conexão com o público, Gabriela Barbosa falou sobre a diferença entre exposição e compartilhamento. “Todo mundo fala “seja autêntica”, mas na prática a gente se expor nas redes sociais e esperar que as pessoas te amem é muito difícil. Então eu acho que demonstrar vulnerabilidade é muito difícil também mas é uma das armas mais poderosas de conexão. Porque quando a gente se mostra vulnerável e humano e sem aquele mundo perfeito onde tudo é maravilhoso e eu acordo com uma piscina infinita e café na cama a vida não é assim. Exposição é apenas se o ato de expor e o compartilhamento é um processo de escolha, sobre simpatia e empatia”, afirmou a criadora de conteúdo.

 

Natalia Beauty, Das dívidas ao império Milionário, deu seu depoimento contando a história de vida e como tirou seu negócio das dívidas o levando para um faturamento anual de R$ 30 milhões e uma dica para quem está empreendendo ou quer empreender. “Importante ter clareza. Muita gente não sabe o que quer. Quando eu tracei meu plano para sair de onde eu estava eu coloquei uma meta de sair em 3 meses. Qual era o meu primeiro passo? Eu nem sabia que eu ia construir, só estava focada no primeiro passo. Muito se fala em procrastinar e sabe por que a gente procrastina? Porque a nossa potência da ação ta presa no passado ou no futuro. Se temos 100% de energia, mas 40% ta presa no passado e 40% na preocupação com o futuro só sobram 20% para o presente”, disse a empresária.

 

Thelminha Assis, ex-bbb, médica e apresentadora, participou de um papo sobre saúde, bem-estar e empreendedorismo, e falou “A dica que eu dou é praticar o autocuidado diariamente e colocar na agenda. Coloquem na agenda a visita anual ao profissional de saúde, que possa se orientar e fazer check-up”, ressaltando a importância de cuidar não apenas do negócio, mas da saúde.

 

Para mais informações, acesse: https://festivalrme.net.br/

 

Sobre a RME

Primeira e maior rede de apoio a empreendedoras do Brasil, a RME (Rede Mulher Empreendedora) existe desde 2010 e já impactou mais de 10,5 milhões de pessoas. Criada pela empreendedora social Ana Fontes, visa apoiar mulheres na busca por autonomia econômica e geração de renda através do empreendedorismo, empregabilidade, programas de aceleração e acesso à capital.

 

A RME promove eventos anuais, como a Mansão das Empreendedoras e o Festival RME, e eventos recorrentes com o Plantão de Mentoria, o Café com Empreendedoras e a Rodada de Negócios. Entre seus programas homônimos estão o RME Acelera, com foco em aceleração de startups, e o RME Conecta, que, após processo de certificação, conecta negócios de mulheres com grandes empresas para negociação e fornecimento B2B.

 

Em 2017, Ana Fontes resolveu ampliar seus objetivos e criou o Instituto Rede Mulher Empreendedora, focado na capacitação de mulheres em situação de vulnerabilidade.